2025/10/07
A devolução do Hospital de São João da Madeira à Santa Casa da Misericórdia tem sido dado como uma certeza. Tema tem marcado campanha autárquica no município sanjoanense.
O Hospital de São João da Madeira poderá voltar a ser gerido pela Santa Casa da Misericórdia no início do próximo ano. As negociações promovidas pelo governo para trasnferência da gestão da unidade do SNS para a instituição de assistência social sanjoanense já se encontram em curso, mas todas as vozes, de vários quadrantes políticos, se monstram contra o avanço desta realidade.
O assunto tem sido um dos temas centrais na campanha autárquica em São João da Madeira, e os vários partidos, de vários quadrantes, já se demonstraram contra a transferência de gestão. Uma das vozes contrar deles é João Oliveira, cabeça de lista da candidatua da Aliança Democrática - A Melhor Cidade do País (PSD/CDS-PP), a mesma coligação que suporta atualmente o governo central, e tem Manuel Castro Almeida, Ministro da Economia e da Coesão Territorial, como mandatário de candidatura.
"Enquanto presidente da Câmara e como sanjoanense, nunca aceitarei um acordo que não salvaguarde os interesses dos sanjoanenses e da cidade. E que interesses são esses? Por um lado, a manutenção do hospital no Serviço Nacional de Saúde, SNS.Isso é inegociável. Por outro lado, a manutenção da urgência 24 horas por dia, os serviços existentes nos últimos anos em São João da Madeira, e o reforço com outros que ainda não existem no nosso hospital. Um acordo que não garanta isso, e que não reforce o nosso hospital é um acordo que não serve os sanjoanenses, e, por isso, é um acordo que não defenderei e que não aceitarei". afirmou o candidato à câmara municipal de São João da Madeira nas redes sociais da candidatura da AD.
Jorge Vultos Sequeira, atual presidente da câmara municipal de São João da Madeira, e recandidao pelo PS, também demonstrou a sua posição em vídeo publicado nas redes sociais da sua candidatura.
"Somos contra a saída do nosso Hospital do Serviço Nacional de Saúde. O Hospital deve manter-se no Serviço Nacional de Saúde. Deve manter as suas valências. Deve manter a sua urgência básica em funcionamento durante 24 horas. E deve respeitar os direitos de todos os seus trabalhadores. O que está em discussão é uma iniciativa do Governo e do PSD", começa por afirmar Jorge Vultos Sequeira.
Vestindo o fato de presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira informa que "a câmara municipal já fez sentir ao Governo da República que é contra qualquer transformação que colida com estes princípios que enumerei". E acrescenta: "Não permitiremos, não deixaremos que o nosso Hospital seja esvaziado, seja desmatado. Todos sabem da importância que atribuímos à saúde, que atribuímos ao SNS, e todos conhecem aquilo que a câmara municipal fez ao longo dos anos pela saúde em São João da Madeira. Os muitos sanjonenses que me têm abordado sobre esta matéria podem ficar tranquilos, que desde a primeira hora temos defendido a integração do nosso Hospital no Serviço Nacional de Saúde".
A candidatura do Bloco de Esquerda ao município de São João da Madeira, protagonizada por Moisés Ferreira, trouxe o assunto para a agenda do dia, e para o centro da discussão da campanha eleitoral. Promoveu já uma sessão de debate sobre o assunto, e manifestão à porta do Hospital de São João da Madeira a pedir "Tirem as Mãos do Nosso Hospital".
O Bloco de Esquerda acusa que "a ministra da Saúde tem estado a mentir há meses", já que "as negociações têm sido feitas mesmo sem haver estudo nenhum". Em comunicado, os bloquistas denunciam ainda a "falta de garantias quanto aos profissionais de saúde" e também o facto de o "volume de atividade depender do financiamento que o Estado decidir atribuir". A finalizar, o Bloco de Esquerda entende que "é mesmo preciso impedir a transferência da gestão do hospital".
Já em maio deste ano, quando o tema começou a ser abordado a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) já se tinham demonstrado a sua oposição à tanferência do Hospital de São João da Madeira para a Santa Casa da Misericórdia local.
A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, revelou essa posição após uma reunião com profissionais de várias especialidades na sede da Unidade Local de Saúde do Entre Douro e Vouga (ULS EDV), que gere o Hospital de São João da Madeira.
“Há muito pouca informação sobre o assunto e os próprios médicos têm muito pouco acesso a dados sobre a entrega do hospital à Misericórdia”, declarou Joana Bordalo Sá.
A responsável acrescentou: “mas somos contra essa medida, porque não percebemos qual o racional para isso e não há nenhum estudo que nos mostre qualquer benefício na mudança”.
Para a presidente da instituição, “devem ficar na esfera pública os hospitais que foram pagos pelo Estado, que foram equipados pelo Estado e que estão a funcionar efetivamente bem, como é o caso do de São João da Madeira, que tem muitas consultas e onde se faz muita cirurgia de ambulatório”.
Joana Bordalo Sá defendeu, por isso, que a entrega do hospital à Santa Casa “não serve verdadeiramente o Serviço Nacional de Saúde”, pelo que “deve manter-se na gestão da ULS EDV”.